domingo, 11 de março de 2012

Complexidade e mulheres misteriosas.

Escrito depois que a pequena destruiu o meu cabelo. Mas vale a pequena, ver a pequena falei sempre vale a pena. Mesmo que isso seja um cabelo destruído e mastigado no final.

Para o Zé. Vulgo meu amigo velho querido.

Conversas de portão. 1h21min da manhã, um amigo acende o primeiro cigarro, senta do meu lado para conversar.
Conversamos sobre o seu namoro, sobre a sua família, seu trabalho e o porre que ele tomou em um dia amargo.
Damos risadas. Todas as vezes que tomava algumas, conversava algo sem nexo comigo e já ia arrumar confusão com fulana que não gosta.
O segundo cigarro é aceso.
Ele fala da sua namorada, que por sinal é uma das minhas grandes amigas. Pedia conselhos, ajuda e disse que ela faz bem em ter a minha amizade. Não sei.
Ele fala mais um pouco sobre ela, ele tem um ataque de ciúmes e me pergunta o porquê dela o provocar assim. Eu não sei a resposta, não respondo.
Terceiro cigarro e a frase: “tudo o que eu não fumo perto da minha namorada, fumo conversando contigo”. Uma risada frouxa.
Mudamos o rumo da conversa. Conversamos sobre mim e o cara de galã amigo dele. Esse assunto me irrita, mas resolvo brincar. Afinal eu nem vejo mais ele.
Ele diz que o outro disse que sou um desafio. Eu rebato: Mas eu sou tão simples. Ele rebate de volta: É, mas é fria e misteriosa. Eu paro de debater, por dentro eu sou tão emocional que dá até medo.

Existem mulheres misteriosas, mas eu não me considero uma. Talvez discreta ao extremo, mas não misteriosa. Eu não gosto de chamar atenção, meu toque de celular é discreto, quase não faz alarde. Eu levanto e saiu de perto para atender o celular. Eu não falo sobre meus relacionamentos e nem mesmo o porquê terminei com fulano, o porquê não gostei de cicrano. Isso não é mistério é proteção.
Isso não é esconder a minha vida, é só trancar coisas que não quero que seja perguntada. Mas se me perguntarem eu respondo com um sorriso ternura, sem o menor problema.  
Mulheres misteriosas são diferentes. Não sei como, mas devem ser. Elas são um desafio, daqueles que todo mundo paga pra ver quem é capaz de solucionar. E eu, eu só me calo. Brinco e converso, eu exclamo e reclamo, mas sobre mim a coisa não tem graça. Prefiro não ser a primeira a falar de mim, mas de vez em quando começo um assunto de lado.
Nada passa pela minha cabeça, é simples. Eu só me calo. Controlo o volume da minha risada escandalosa, que só solto sem controlar o volume quando o grau de intimidade é alto. Não tem nada a se dizer sobre mim, de vez em quando eu solto um texto estranho como esse. Mas no geral tudo que eu falo é repetitivo.  Amor, relacionamento, problemas amorosos, paixão. Repetitivo, repetitivo, repetitivo.
Mas não por não conseguir escrever sobre outras coisas do meu cotidiano é por simplesmente não achar menor graça.
Escrever ou falar sobre mim é bacana algumas vezes. Mas eu prefiro mil vezes ouvir e ver os trejeitos das outras pessoas, até ouvir de alguém uma história estressada sobre o trabalho me impressiona mais. Não é a toa que gosto de chatos e estressados. Confesso que o charme que tem, é bem mais interessante do que falar das minhas manias.
Eu me calo, não puxo muita conversa sobre mim, não por ser misteriosa. Mas por simplesmente querer ouvir a outra pessoa e saber que se calar em algumas situações ainda é a coisa mais sábia a se fazer.

Ele acende o quarto cigarro e eu resolvo entrar. 

Sem sentido: São bacanas esses encontros de amigos de fins de semana. Se bem que ainda prefiro o meu estilo caseiro, mas não tem nada mais engraçado na vida do que fazer o lado masculino ficar desconfiado com os códigos femininos. Mesmo esse meu amigo, sendo um grande amigo. Nada como uma conversa com o lado feminino para alegrar a noite.
Mas nada melhor que um cinema, com pipoca, cobertores para alegra mais ainda a noite. Ah, o que é bom mesmo é ter isso em equilíbrio. Complexo. 

2 comentários:

  1. Por dentro podemos ser o que quisermos, moles, infantis, dengosos mas nunca transparecemos isso para não nos ferirmos. Pelo menos é a sensação que tenho quando "leio" você. rs rs rs

    Eu chamaria o fato de não comentar sobre relacionamentos de discrição, afinal de contas, não precisamos anunciar para o mundo o que acontece em nossas vidas. Tudo bem, podemos compartilhar com a melhor amiga(o).

    Preciso aprender a me calar mais, já não sou muito de falar mas preciso permanecer mais em silêncio. Principalmente nas situações estressantes do trabalho, não consigo ver gente batendo cabeça e ficar calado. Sobre a minha vida, até consigo, mas em relação a essa situação...

    Beijão

    ResponderExcluir
  2. Eu realmente tenho um lado emocional bastante forte, mas eu me controlo. Eu sempre tive um auto-controle quando o assunto são meus sentimentos ou algo relacionados nesse meio.
    Eu guardo muito esses assuntos para mim, mas não que eu não solte nenhuma prévia do que está acontecendo dentro da minha vida. Mas os detalhes em si, eu não conto. Eu acho que tem um limite, até onde eu acho que a intimidade do meu antigo ou novos relacionamentos se tornam mais "meu" e acabo guardando semdeixarmuito rastrodo que acontece. Eu realmente precisava parar com esse hábito.

    Dependendo da situação é bom falar. Eu sou uma pessoa que não gosto muito de falar, principalmeente quando eu tenho que avisar ou discutir algo. Mas quando é preciso, eu falo. Eu acho que o silêncio é a coisa mais inteligente, em horas que são extremamente necessárias. Mas argumentar e falar também são válidos...

    Beijos.

    ResponderExcluir