É tão estranho você ter ao lado outra vida, outro pensamento, – ás vezes, pensamentos similares, mas nunca completamente iguais. – um carinho diferente, cuidar de uma vida que nem sabemos o porquê fazemos isso.
De vez em quando, me pego sentindo falta da sensação de congelamento de todos os órgãos, das mãos suando, dos sorrisos perdidos a cada coisa que parecia boba antes, dos atos involuntários que esses sentimentos nos causa. A minha crença sobre o destino me faz pensar na certeza e na dúvida, de acreditar em algo que não tem forma, escritos, cheiro, imagem ou cara em relação a sentimentos.
Sentimentos são tão duvidosos que são capazes de fazer coisas inimagináveis, são capazes de nos manter acordados pensando na pessoa ou de nos adormecer e fazer com que sonhemos com a pessoa. Por mais que leiamos todos os livros de auto-ajuda, nenhum, ninguém vai explicar. Talvez explique os sintomas, as bobeiras que irão tomar conta da nossa mente. Mas nunca explicar como se pode evitar. O que é uma pena por sinal.
Se afastar, nos causa “sentir falta”, – “sentir falta” é diferente de saudade. – nos aproximar, piora. É como um labirinto, quanto mais se anda, mais se perde. E você só se encontra de novo quando o coração está surrado, e descansa e desisti. Fica no canto e de repente, encontra outro canto lindo, novo em folha a fim de fazer tudo de novo. E vai tentando até encontrar um que seja o canto perfeito ou aceitar que não existe canto para ele no mundo e acabar assim aceitando a condição do “amor pela metade”. Ah, essa baboseira, complexa. Sem sentido.
Talvez eu tenha escrito esse texto, na intenção de parar de escrever sobre sentimento, pois sei que estou seca. Na verdade nesses últimos posts, eu estou colocando tudo que penso. Sem emoção, sem sensibilidade, sem o coração. Talvez esse sentimento bobo que apareceu, sem ter o porquê e o fato de eu estar fugindo, sendo fria, nem sequer aparecer direito, tenha tomado meu foco, tenha me dispersado do que realmente é importante. Sentimentos tomaram todos os meus pensamentos para si, eu quase redescubro o ”apaixonar”, na verdade eu acho que são aquelas carências bobas.
Mas não tenho vontade de conhecer alguém, como conversei com uma amiga de manhã: “Eu estou bem assim, estou bem sozinha. Mesmo com esse sorriso que me acompanha do momento que acordo até quando durmo e por achar que a grama está mais verde e a estrela mais brilhante.”
Mas não é como antigamente, não me desgasto e não me corrôo, mas é inevitável não despertar um interesse, não reconhecer as magníficas qualidades, de pensar que o outro pensa exatamente como você, quando o outro é sua cópia, talvez um tanto quanto modificada. Chega ser improvável, se fosse antes teria dado evidências e até me corroer todos os dias. Não me machuco, a armadura ainda está de pé, o coração continua encapado com uma capa de ferro. Sem existir nada concreto, mantenho assim, trancado a sete chaves. Assim, evito ser “magoada”, evito “magoar”. Talvez seja isso, a certeza que os dois não irão se magoar. Ah, cansei dessas relações que vejo por aí, amores vazios. Eu não quero ouvir “eu te amo”, quero sentir, por isso as reclamações dos meus poucos “eu te amo”, mas afinal quando existe amor, o olhar já fala por si só...
Ouvindo: Ana Carolina - Confesso.