Sentido ás avessas.

Ela apalpou a cama até encontrar seu celular. Atende e descobre que é ele.

Sem mais delongas desliga. Ele retorna e ela resolve escutar.

Ele enrola, ela desliga. Ele parou de ligar.

Ela foi comprar pão na padaria, ele saiu de casa sabendo disso.

Ele a esperou na padaria, ela sentou no banco da praça. Parecia sentir algo.

Estava certa. Ele estava lá.

Ela o ignorou. Ele pediu para conversar. Ela ouviu.

Ele falava sobre amor e ela sabia que uma segunda chance não resolveria o problema.

Ele tentou amolecer o coração dela com um beijo. Ela quase cai em tentação, mas foge enquanto ainda há tempo. Ele abaixa a cabeça.

Era a vez dela de falar. Ela falou tudo o que queria. Ele ouviu quieto, olhando para baixo.

Ela quase derrama uma lágrima. Mas não encaixaria muito bem no seu momento de frieza, de palavras que como ele mesmo disse: “Ferem um coração apaixonado”.

Ela não queria o fazer sofrer. Ele tinha medo até de toca-la novamente, sabia que ela estava frágil e com qualquer toque indiferente, ela iria atacar com mais frieza ainda.

Ele estava errado. Ela sabia que se ele a tocasse, ela se derreteria.

Ele pediu para voltar, ela não voltou.

Ele pediu um abraço. Ela disse não. Ele a abraçou. Ela saiu.

Ele pediu para levar ela para casa. Ela disse que não precisava.

Eles não se encaixavam mais, faz tempo que ela tinha perdido o jeito de dormir nos braços dele.

Ele sumiu da vida dela. Ela se lembra dele só quando escreve.

O único problema dele é o ego por ciúme.

Os únicos problemas dela são que ela não sente ciúmes.

E que ela... Sou eu.