terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ao norte e ao sul.

Quem vai dizer tchau? by Nando Reis on Grooveshark



Tumblr_lp5set9u8d1qmn4uto1_500_largeAvistei saindo de uma “chopperia” qualquer, típico de um homem que carrega os estresses na testa. Estava diferente. Talvez depois que nosso amor faleceu, te olhar não faz com que a oxitocina invada meu corpo. Ou na melhor das hipóteses o encanto acabou.

Cumprimentamos-nos. “Quanto tempo! Como você está?”, seguido de um “Tchau, felicidades!”. Saímos cada um em uma direção. Eu ao norte e ele ao sul.

Deu vontade de ir lá perguntar que diabos ele anda fazendo, afinal está tão abatido e desconsolado que eu mal reconheci. Mas fiquei pensando que eu poderia ter me apaixonado por rosto abatido que para mim, ainda assim era bonito. Ou não era nada disso.

Eu me lembro das marcas da sua testa, eram seis, sendo que três eram tão profundas que dava para perceber o quão consumido e maluco por trabalho você era. E se esforçasse dava até para saber a sua idade nas marcas dos cantos dos seus olhos. Podia até mesmo passar horas contando os 5 fios brancos [ou mais?] que tinha escondido entre os fios do teu cabelo.
Lembro-me das histórias que me arrancava orgulho sobre seu trabalho chato, lembro-me do seu cabelo bagunçado com um sorriso logo pela manhã e eu com meu mau humor incompreendido.
 
Do beijo na testa que me dava que eu odiava e amava ao mesmo tempo. Me fazia ser pequena, além do meu cabelo enroscar na sua barba, mas me fazia sentir segura. Além de ser o melhor presente, nada mais importava nem rosas, nem bombons, nem presentes caros, desde que tudo isso fosse trocado por um beijo na testa e um daqueles cartões escrito a mão que não vemos mais hoje em dia.
   
E posso contar ainda ás vezes que me encontrava de surpresa, nos lugares onde nenhum homem estaria e me abraçava por trás, me deixando assustada. E de quantas vezes pensei que era outra pessoa me agarrando e nessa confusão me mexia mesmo empurrando a pessoa até me livrar de agarra-agarra na minha cintura. Afinal como é que outra pessoa me agarra assim, eu só deixava uma pessoa fazer isso e era você. [como eu disse, eu gosto desse "lance" de lealdade]

E ainda assim eu gostava disso, naquele tempo você fazia a adrenalina e mais uma porção de hormônios invadirem cada artéria, veia e seja lá mais por onde isso passe dentro do meu corpo.

Mas depois foram horas discutindo um amor em que não fazíamos mais parte, um amor que se comparado ao um barco, meu caro, caímos fora. Nosso tom cada vez mais tenso, já nos falava [inconscientemente] que estaríamos no final. 

Que antes conseguíamos nos amar e agora não mais. E nem se quer mudamos ou mudou, simplesmente esquecemos-nos de lembrar como que era nos amar. Os dedos entrelaçados foram se afrouxando até se afastarem, a cama foi ficando marcada de um lado só e o amor foi acabando.

Até que acabou.

Para sempre. 

E não deixando magoa nenhuma. Só um sorriso de foi bom. Um sorriso que encerraria ali um amor para nos preparar para o próximo, mas agora sem medo, agora se entregando não só de corpo, mas de alma também.

2 comentários:

  1. Sobre o amor, aquele que passou, que talvez tenha ficado mais do que devia...

    Ah, de todos os textos, que aparentemente retratam uma pequena realidade, esse foi o mais profundo e inspirador já escrito por você.

    Você criou uma certa confusão em minha mente, já não sei mais o que é real e o que é fictício. Talvez minha percepção esteja um pouco atordoada ou fora dos eixos, mas sinto que há algo aí que precisa jogar fora. =D

    Fico muito feliz toda vez que vejo um texto novo, entro aqui uma vez por dia, sempre com a esperança de encontrar essa leitura gostosa.

    Deixo-lhe uma dica: "Talvez esteja na hora de inventar amores, de deixar sua mente fluir além das barreiras do conhecido". =D

    Beijão

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    1. Continuo na fase do real, claro que no texto parece que esse real é cena de filme. Eu não sei se é falta de tempo para sentar e escrever decentemente algo que não seja minha vida. Espero estar errada e essa fase passar, porque não sou muito de escrever sobre mim, tenho minha mania de discreto e super-reservada.

      Inspirador e profundo, olha se eu te disser que eu fiz esse texto na marra, só para não abandonar isso aqui de vez...

      Obrigada pelo elogio e dica, prometo criar criatividade e sair desse ritmo constante que estou tendo em escrever sobre minha vida. Acho que falta tempo e inspiração ou talvez eu precise ouvir os problemas e detalhes da vida de alguém. Afinal minha inspiração para sair da rotina de textos sempre vem das conversas que tenho com amigos.

      Beijos!

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