Vapt-vupt.

Eu podia sentir seus dedos percorrendo minha coluna e dançando pela minha barriga. O dorso do meu pé corria livremente por sua perna. Deitados.

Você dormiu e eu ao seu lado olhando para o teto, - arrumando o lençol branco, ou como você diz "cor de gelo", sobre o meu corpo estendido na cama. Penso.

Penso e tenho certeza que não deveria estar ali . Levanto.

Piso no seu maço de cigarro, que derrubamos, ontem quando enfim, nos encontramos, (você vai ficar "p" da vida quando ver seu último Marlboro amassado, mas foi nossa culpa). Ando sem saber muito bem o caminho da cozinha, arrastando o lençol enrolado em meu corpo. Pego um copo de água, olho e penso mais uma vez "o que me deu na cabeça". 

Volto, deito ao seu lado. Te cubro com meu-teu lençol. Você acorda. 

Me vira, olha nos meus olhos, como se enxergasse e soubesse mais de sobre mim do que eu mesma, sorri e mergulha nos meus braços. "E você tem mesmo que voltar amanhã? Queria que morasse perto", eu não respondo. Apenas olho para seu rosto cansado, rosto rotineiro, rosto de gente estressada, cara de quem ama um cafézinho, cara de quem não abandona em noites frias. Cara de "de vez em quando", cara de casual. Perfeito.

Te dou um beijo, daqueles que ficam um gosto de saudade e de quero mais, afinal sabíamos que a distância não iria nos fazer reencontrar tão cedo assim novamente e continuamos ali, abraçados. 

Sem nada a perder.

[Eu sei, ficou pequeno. Mas foi o que deu pra escrever na pausa do cafézinho]