Sai de casa cedo peguei quatro ônibus, dois para ir e dois para voltar, fui para uma entrevista de emprego... Lá, esperei por um bom tempo, na verdade, bastante tempo, até que me aparece uma moça, com uma roupa social estranha e um coque tão esticado que dava a impressão que seus fios de cabelos iriam sair descolando um, por um.
– Marcelo, o senhor Carlos esta à sua espera. – Ela falou sem nenhum erro de português e com uma voz grossa e doce ao mesmo tempo. Bem como uma secretaria é...
– Ok, obrigada senhorita. – Queria causar boa impressão logo de cara e praticar a minha falhada simpatia.
Cheguei até a tal sala e conheci o tal Carlos, o todo poderoso da empresa, ele tinha uma cara de bravo, cabelos bem, mas bem grisalhos e me olhava por cima daqueles seus óculos. A sala dele era sombria, era um lugar que causava seriedade, mas mesmo assim não achei tão empolgante ser o que ele era.
- Sente-se, homem. – Ele disse com uma voz autoritária.
Me sentei em uma cadeira que direcionava meu olhar, para esse Carlos, conversamos, ele fez diversas perguntas e me mandou embora, dizendo que manteria contado.
Fui para casa, nesse caso, apartamento, quando eu ia subindo no elevador, veio uma garota despenteada e um tanto quanto afobada, gritando loucamente para eu segurar o elevador, como se aquele elevador fosse o único.
– Segura pra mim, espera!
Eu segurei o elevador, ela deu um sorriso pra mim e se criou aquela cena clichê de elevador, o silêncio tomava conta da vergonha que estava no ar. Eu reparei bem nela, ela era bem normal, nada que atraísse demais um homem, mas pelo menos era interessante se reparasse bem: Ela era baixinha, com cabelos avermelhados, olhos verdes e um pouco dentuça, o que deixava ela muito mais interessante. Ela ficou olhando, até que decidiu puxar assunto, - dentro do elevador, o que não era comum, afinal nós nem nos conhecíamos.
– Oi, tudo bom? – Disse querendo ser simpática.
– Oi, tudo... – Respondi envergonhado, bem envergonhado na verdade.
– Meu nome é Lívia, prazer. Sou a nova moradora do 7° andar... - Era o meu andar, mas não disse nada. Só retribui com o meu nome e um sonoro “Hum”.
– Hum... Bom, prazer sou Marcelo.