É pequenina e chorava de forma absurdamente perfeita, seus dedinhos tentavam agarrar com tamanha dificuldade um de meus dedos. Agarra e terminava seu choro, até adormecer em meus braços. Toda a minha fé que eu já considerava bastante se renovou e transbordou de tal maneira, me fazendo descobrir que estava enganada em dizer que a minha fé já era suficientemente bastante.
De vez em quando pensava que ela estava dormindo, mas não, ela abria aqueles olhinhos de vez em quando. Dava uns sorrisinhos o que deixava a “tia” aqui cada vez mais babona. 28 dias de vida, 28 dias capazes de me fazer exalar amor e de me desligar do mundo inteiro, capazes de tornar o pedaço da minha fé que havia se perdido ao longo dos tempos em algo incontrolável, em algo que era tão forte que eu jamais poderia explicar em palavras. Dava pra sentir naquele pequeno pedacinho de gente tal pureza e tamanha inocência, era difícil me imaginar naquela situação, afinal nunca fui muito boa com crianças, na verdade, eu tinha medo de machucá-los de tão frágeis que são. Mas com ela esse medo se tornou algo tão fútil, a minha “cheirinho da tia” (É, um apelido horrível, mas eu adoro chamar ela assim) conseguiu enfim, fazer essa Juliana tomar jeito e aceitar que mesmo pequenina do jeito que ela é, me deixou boba de tanto amor.
E confesso que eu não preciso de mais nada agora, nada além de me esforçar ao máximo para fazer minha pequenina feliz. E ouvir comentários de amigos ao longe: "Ah, a Juliana está lá babando na sua pequenina", sabe eles tem razão eu nunca babei tanto, nunca amei tanto algo tão pequenino. Agora é só espera-la crescer forte, saudável e esperar as perguntas que sua irmã (Minha outra pequenina, minha chatinha, a garotinha que agora quer se maquiar e já diz que tem namorado... Mas que não recusa o colo da "tia") fez para mim quando fez seus 6 anos: "Tia, você tem namorado?" "Tinha tem bala?" "Tia, me pega no colo?" e eu saindo mais uma vez na chuva só para buscar meia-dúzia de balas.