domingo, 28 de agosto de 2011

Marcelo. - Lívia

Sai de casa cedo peguei quatro ônibus, dois para ir e dois para voltar, fui para uma entrevista de emprego... Lá, esperei por um bom tempo, na verdade, bastante tempo, até que me aparece uma moça, com uma roupa social estranha e um coque tão esticado que dava a impressão que seus fios de cabelos iriam sair descolando um, por um.
– Marcelo, o senhor Carlos esta à sua espera. – Ela falou sem nenhum erro de português e com uma voz grossa e doce ao mesmo tempo. Bem como uma secretaria é...
– Ok, obrigada senhorita. – Queria causar boa impressão logo de cara e praticar a minha falhada simpatia.

Cheguei até a tal sala e conheci o tal Carlos, o todo poderoso da empresa, ele tinha uma cara de bravo, cabelos bem, mas bem grisalhos e me olhava por cima daqueles seus óculos. A sala dele era sombria, era um lugar que causava seriedade, mas mesmo assim não achei tão empolgante ser o que ele era.
- Sente-se, homem. – Ele disse com uma voz autoritária.

Me sentei em uma cadeira que direcionava meu olhar, para esse Carlos, conversamos, ele fez diversas perguntas e me mandou embora, dizendo que manteria contado.
Fui para casa, nesse caso, apartamento, quando eu ia subindo no elevador, veio uma garota despenteada e um tanto quanto afobada, gritando loucamente para eu segurar o elevador, como se aquele elevador fosse o único.
– Segura pra mim, espera!

Eu segurei o elevador, ela deu um sorriso pra mim e se criou aquela cena clichê de elevador, o silêncio tomava conta da vergonha que estava no ar. Eu reparei bem nela, ela era bem normal, nada que atraísse demais um homem, mas pelo menos era interessante se reparasse bem: Ela era baixinha, com cabelos avermelhados, olhos verdes e um pouco dentuça, o que deixava ela muito mais interessante. Ela ficou olhando, até que decidiu puxar assunto, - dentro do elevador, o que não era comum, afinal nós nem nos conhecíamos.
– Oi, tudo bom? – Disse querendo ser simpática.
– Oi, tudo... – Respondi envergonhado, bem envergonhado na verdade.
– Meu nome é Lívia, prazer. Sou a nova moradora do 7° andar... - Era o meu andar, mas não disse nada. Só retribui com o meu nome e um sonoro “Hum”.
– Hum... Bom, prazer sou Marcelo.


Chegando no meu andar, bem, no meu andar e o da Lívia, ele deu suspiro de surpresa: – Nossa, você é meu vizinho, que bacana. Como eu não conheço ninguém nessa cidade, quer tomar um café aqui em casa.

Achei muito estranho, ela mal me conhecia, ela tem cara de ser afobada e falante, muito falante, mas resolvi aceitar. Afinal o que tinha de mal tomar café com uma garota que não tinha menos que 19 anos e mais do que 21 anos: – Ok, eu vou. Eu vou aceitar seu café.


Ela deu um sorriso, abriu a porta do apartamento e foi logo para a sua cozinha fazer o nosso café e me deixou lá em sua sala, com uma cara de idiota envergonhado. Dei uma olhada rápida em seu apartamento, era todo “fofinho”, com umas fotos espalhadas por toda a casa... Ursinhos de pelúcia, então? Tinham tantos...
Ela veio com o café, me serviu e começou a falar em disparada, parecia um rádio quebrado, enlouquecido falando sem parar.
Seu café era fraco, ralo, ruim, definitivamente ela era péssima em fazer café, mas eu não disse nada, tentei ser agradável. Terminando o café, cortei a conversa pela metade. ­– Conversa que só ela falava.
Interrompi, afinal era tarde, muito tarde já:
– Foi um prazer, mas tenho que ir.
– Ah, então ta. Foi um prazer, conhecer alguém dessa cidade. – Ela falou sorrindo, um sorriso tão sereno que se ela estivesse fumando, daria um ar de serenidade profunda, mas como não estava, parecia uma menininha (eu sei, ela é uma mulher. Um pouco bobinha, mas é uma mulher) com um olhar perdido em sua imaginação.

Sai de lá, dei um ultimo sorriso, dei as costas e sai andando, deixando lá, aquela menina, ou mulher não sei bem ao certo e aquele gosto amargo e terrível daquele café, entrei no meu apartamento e como sempre o meu cachorro pulou em cima de mim, mas ao contrario de dormir, ele foi brincar com uma bola velha e suja. Sentei na cadeira que tinha em minha sala, peguei um dos meus cigarros, traguei o primeiro e fiquei pensando "Que garota estranha era aquela? Era mulher e menina ao mesmo tempo, falava ora com serenidade ora com ar de bobinha e ora falava tanto que dava vontade até de xingar" e então, peguei o segundo cigarro, o terceiro, o quarto, o quinto... E foi assim a noite inteira, até eu pegar no sono e dormir... Naquela cadeira desconfortável mesmo.



Por: @juugs_



Marcelo: 01

9 comentários:

  1. Mandou bem Juh.

    Gostei muito!

    www.ociopreenchido.blogspot.com

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  2. Está ficando bem interessante. \o/

    Beijão

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  3. Letícia: Obrigada, eu ainda estou com aquela "Será que eu vou conseguir continuar?", mas eu fico feliz e com mais vontade de continuar... :D

    Yama: Eu realmente fico muito feliz com isso, me faz querer continuar a postar. o/
    Beijos.

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  4. Por que você não continuou?! Agora eu vou ficar aqui me remoendo e olhando seu blog até você postar mais >.<

    http://bruna-morgan.blogspot.com (vagas para afiliados)
    http://verboresenhar.blogspot.com (sorteio de livro, participe)
    http://projetocreativite.blogspot.com

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  5. HAHAHAHA, eu vou continuar. Eu só preciso de tempo... Obrigada. *-*
    Beijos.

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  6. Este Marcelo, visualmente, me lembra o Marcelo Camelo.

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  7. É, tenho que admitir que eu me encantei com essa imagem, por causa do Marcelo Camelo. rs

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  8. Ai que estranho, vim procurar atualização da história, leio os comentários, e adivinha o que estou ouvindo nesse exato momento: Los Hermanos.
    LOL

    http://bruna-morgan.blogspot.com
    http://verboresenhar.blogspot.com (sorteio de um livro, participe!)

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