terça-feira, 13 de setembro de 2011

Marcelo. - Dia estranho

Nota: Um texto um tanto quanto medíocre e estranho. Eu pensei em parar de escrever, por falta de criatividade, mas sabe eu não consigo mais parar de escrever, mesmo não sabendo escrever.


Acordei com dores nas costas, com uma cara amassada e procurando pelos meus cigarros. Não tinha. Sai de casa, fui à padaria comprei meus cigarros, três médias e voltei.
Tomei meu café e o telefone tocou:
– Alô – Eu disse um pouco embebedado pelo meu sono que não passara.
– Bom dia, senhor Marcelo? – Era aquela voz de novo, amarga e doce ao mesmo tempo. Era a secretária do Carlos. Aquela que os fios saiam descolando um por um.
– Sim, pode falar? – Disse, espantado, mas disse.
– Seu perfil foi aprovado. O senhor pode comparecer depois de amanhã ás 14:00 horas? – Ela me irritava com aquele português correto, eu tinha vontade de, quem sabe, a xingar.
– Sim, posso sim.
– Ok. Tenha um bom dia.
– Você também. Obrigada.

Desliguei um pouco feliz, na verdade, bastante feliz na verdade, mas se alguém tivesse olhado meu semblante naquele momento diria até que eu estava morto. E sabe. E bem, eu estava morto naquele momento.
Cai na cama e dormi.

Mais tarde. (Duas horas depois, para ser exato.)

Acordei e me peguei pensando na Lívia o que era estranho, muito estranho. Peguei um cigarro, fui para sacada, olhei para baixo e lá estava Lívia. Eu dei um sorriso. Pensei em ir até ela. Mas estava tão linda daqui de cima, que eu até me esqueci de como se pega um elevador.
Parecia que ela estava esperando alguém. E estava. Um rapaz de uns 25 anos ou menos se aproximava carinhosamente e tascou-lhe um beijo em sua boca, sim, aquela boca que mais parecia um rádio quebrado de tanto que falava. Aquela boca um pouco dentuça e que tinha uma perfeita e estratégica pinta no canto.
Meu coração balançou, meus olhos lacrimejavam quando vi essa cena.
Isso não podia estar acontecendo.  Eu um homem de 33 anos, não posso ver uma garota e me apaixonar assim... Do nada. Só tomei um café. Um café horrível por sinal. (Não posso voltar a ser um adolescente que se apaixona platonicamente. Se eu acreditasse em destino... Ah se eu acreditasse. Seria um destino um tanto quanto cretino)
Coloquei o cigarro no cinzeiro, tomei um banho gelado e fui para um bar. Tomei um porre daqueles, enchi a cara. (Eu não fazia isso há anos!) Afoguei as minhas mágoas com um cara do bar.
Cheguei à minha casa, cai na cama e dormi mais uma vez.

No outro dia. (Uma quarta-feira qualquer de 1995)

Acordei no dia seguinte, com uma dor de cabeça insuportável, tudo doía. Os latidos dos cachorros da rua pareciam explosões dentro da minha cabeça.
Tomei um segundo banho e eu olhei pela sacada. Não havia mais ninguém, exceto a neblina cobrindo o céu de branco. Estava morto outra vez.
Sai de casa, sentei em um parque da cidade, estava tossindo, espirrando e com saudades daquele café frio e amargo, que tomei... Uma vez só.
Havia neblina na rua, mal se via o sambista boêmio cantando seus sambas no outro lado do parque, mal se via os namorados que estavam sentados sobre a grama. Mal se via uma moça vinda de longe, eu só conseguia olhar seu contorno, pelo que pude perceber era magrela, pequena e andava um tanto quanto torta. Não liguei pra ela. Mal reparei.
Olhei para o chão, fiquei pensando. Reparei até em formigas andando em fileira, desviando de pedrinhas. Estava completamente disperso.
Uma moça sentou do meu lado, eu podia sentir sua respiração constante ao meu lado. Não levantei o rosto, por vergonha... Talvez.
Depois de um tempo ouvi uma voz baixa, aguda e um pouco irritante, era a voz da moça sentada ao meu lado. Cantarolava baixinho o ritmo do samba que o velho boêmio cantava “La ra la ra, lã rã lã rã”. Levantei o rosto, olhei um pouco com um olhar ainda voltado para o chão. Era Lívia, ela deu um sorriso, abaixou a cabeça, por também vergonha... Talvez. Eu repeti, abaixando minha cabeça e dando um sorriso envergonhado para o chão. Mas nada me tirava à cena que vi em outro dia.
As mãos de Lívia estavam estiradas no banco de concreto, as minhas também. Estavam com uma considerável distancia uma da outra. A dela chegara mais perto por alguns momentos, mas quase não reparei, voltei a olhar os insetos que ali sobreviviam. Estava disperso mais uma vez.
Havia silêncio no nosso banco.  
Alguns minutos se passaram nada me acordava do transe que estava naquele momento, por medo de puxar assunto... Não sei. Algo tocava bem devagarzinho em minha mão, era uma coisa macia e encharcada de creme. Mas logo esse toque sumia, deixando o suor de creme em minhas mãos, logo a mão da Lívia fugia do encontro com a minha.
Ficamos sem falar por horas, o tempo todo sem nenhum sequer som produzido por mim ou por ela. O que era estranho. Foi então que Lívia se levantou, deu-me seu último sorriso, deu sua ultima palavra.
– Tchau! Boa noite, Marcelo...

Antes de virar as costas pra mim, deu-me um beijo surpresa na minha bochecha direita, o que me deixou um tanto quando encabulado. Então ela foi sumindo na escuridão que tinha se formado, desparecendo devagarzinho, bem devagarzinho.
Fiquei pelo parque por mais uma hora, sei lá, voltei para casa. Cai na cama e dormi.
Estava vivo mais uma vez.

Por: @juugs_

Marcelo: 02

4 comentários:

  1. Nunca desista!
    Ficou diferente, algo mudou, não consigo dizer exatamente o quê. Mas gostei, o modo como prosseguiu a história ficou bacana, talvez um pouco curto, mas ficou bem interessante!
    Aguardo o próximo querida!
    Beijão

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  2. Esse seu personagem me encantou! E eu fico querendo ler mais e mais...

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  3. Yama: Não desistirei. HAHAHA. Esse texto eu só coloquei um pitada de surrealismo, porque eu gosto de coisas um quanto tanto psicodélicas. Ficou curto, porque eu ando sem tempo nenhum,principalmente agora que apareceu algumas coisas que tomaram meu tempo. ^^

    Bruna Morgan:E eu fico feliz com isso. HAHAHA *-*

    Luna Sanchez: Obrigada, sim, vai ter mais dele ainda. Tem mais algumas tantas partes da historia que ainda não falei. ^^

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