quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pausa para um café.

Personagem de número dois: 
Eu podia sentir seus pés tocando nos meus, podia sentir os seus respiros perto da minha orelha, eu podia ouvir sua voz dizendo: “Ei, aonde você vai?” só porque eu ia levantar e tomar um pouco de água, eu posso sentir o sabor do algodão doce que você me trazia toda noite depois do trabalho, posso sentir esse mesmo algodão doce se desmanchando dentro da minha boca, eu posso sentir as minhas bochechas se esforçando para não sorrir, posso sentir o suor das minhas mãos a cada telefonema seu.
Eu posso me lembrar das cores dos algodões doces que você me trazia, eu podia imaginar qualquer cor, era só eu querer, era só você ouvir, era só sonhar. Tantas cores: Azul, rosa, amarelo, roxo, anil, branco...
Eu posso ouvir o barulho de chaves que você jogava em cima da mesa, dos seus passos que tinham sons de passos dados na neve, podia até mesmo ouvir ao longe o som do Metallica – parece irônico, mas ouvia Metallica baixinho só pra não me acordar.
Quando tudo isso começava a existir de novo o despertador toca e é hora de se levantar, apalpar o outro lado da cama e descobri que ali já não tinha mais ninguém. Mas, eu ainda me lembro da sua barba mal feita, do seu cigarro que deixava sua barba amarelada, do seu cabelo longo preso por um rabo de cavalo desajeitado, do seu jeito de me perguntar: “O que você viu em um cara como eu?” e da minha resposta que nunca falei, - na verdade respondi, ele nunca entendeu, mas para mim fazia o maior sentido.
Pausa para um café:
Parece irônico, isso aqui era pra ser só mais um personagem, mas acabou virando as lembranças dos dois anos mais apaixonantes que tive, dois anos que eu não chamaria de "namoro" , eu chamaria, talvez, relacionamento com um começo torto e um final mais torto que o meio.
Talvez seja a nostalgia que o silêncio vem me causando todas as minhas noites. Talvez. Talvez só seja a lembrança da foto empoeirada na minha gaveta, talvez seja só a falta dos carinhos que eu recebia nos finais da tarde dos sábados.
O problema aqui é que eu sou um tanto romântica demais pra uma mulher só, ou problema é só quando eu resolvo dar uma pausa, tomar um café e ler alguma coisa. Na verdade o problema eu nem sei qual é.
Talvez o problema todo seja guardar essa foto e ter sempre alguém para me lembrar. Talvez o problema todo seja a minha racionalidade, valores e conceitos que eu sempre coloquei em primeiro lugar e em segundo guardei o coração junto da emoção, por diversas vezes. Foram 2 anos de "namoro", eles não se apagam do nada, vai existir sempre um vestígio. 
Pode ser até o fato de eu sempre manter as minhas decisões firmes ou a falta de tempo, das suas reuniões de trabalho, dos nossos encontros que sempre que aconteciam eram interrompidos pelo meu ex trabalho voluntario ou pelo seu trabalho no escritório, do meu tempo que era atrapalhado e que hoje deu uma resolvida. Ou algumas vezes a religião atrapalhou um pouco, o orgulho ferido, o pedido de desculpas nunca dito de nenhuma parte, ou como você dizia depois de uma discussão: "São os signos que não batem". Talvez a vontade de ligar e não ter tido coragem. Das discussões pelo fato de eu não sentir ciumes e de outras tantas discussões. O fato de você tentar me enciumar e não conseguir, são tantas coisas que contribuiriam para o fim. Não existem culpados, existem atitudes erradas. Tanto da minha quanto da sua parte.
Pelo menos agora, eu joguei para fora tudo isso, eu estou murcha de amor, pelo menos agora eu já começo a me permitir que um novo "amor" me encha de novo, coisa que eu geralmente não faria. Deixei de complicar, geralmente eu não tiro minha armadura, mas agora é diferente, agora eu não coloco minha armadura toda hora, mas não joga-la fora, não agora. - Eu nem me lembro como que ele conseguiu rachar a minha armadura. Ele só conseguiu.
Ou eu estava certa desde o começo dizendo que não ia dar certo? Afinal, não tenho paciência com ciúmes e coisas fúteis. - Talvez seja esse meu erro.


Sabe, eu mudei o rumo desse personagem e contei uma fração da minha vida, só porque eu dei uma pausa no meu personagem, tomei um café e li um texto que me fez sentir o momento mais nostálgico da minha vida, até agora. Lembrei de diversas coisas, coisas que eu ouvi e coisas que eu aprendi. Geralmente eu não deixo algum texto entrar e tocar em algumas coisas que são exatamente ou quase iguais ao que eu li, mas dessa vez foi maior do que eu. 

Um fato sobre o autor do texto que me deixou em um momento completamente nostálgico:
"Até mesmo acordar já não é tão sacrificante quanto antes." (Yama - Lutando contra a mente.)
Ele não sabe o quão está certo.

3 comentários:

  1. Ah! Fiquei com vontade de guardar você numa caixinha de música e dar corda toda noite só pra ouvir suas palavras *-*. Vem cá.

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  2. Que fofa você. Obrigada,fico feliz com isso. HA HA HA ~^.^~

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  3. Já te disse que é ótima escrevendo? Não? Que pecado tamanho, cometi. Cada texto que leio, fico mais maravilhado com sua escrita. Quando crescer, quero ser como você!
    Beijão

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