domingo, 30 de dezembro de 2012

Frete

Amor e sexo by Rita Lee on Grooveshark

Gosto de ouvir sobre o passado, dos amores antes do meu. De como conheceu esses seus amores, de que você se lembra do passado, mas não por querer comandar ou imitar. Talvez seja isso que eu faça de errado, é por isso que me chamam de insensível e me cobram ciumes.

Mas é que é tão gostoso, passar o café amargo, ouvindo seu passado. Você com alguma breja na mão e eu com meu café tão amargo quanto o molho caseiro que eu não sei fazer. Eu adoro ouvir. 
Adoro ouvir desaforos do seu trabalho, de como o seu chefe te estressa e o estagiário, como você diz é um pé no saco.

Estou fazendo o teu bolo preferido, enquanto você fica se matando tentando entender, o porquê dos meus livros serem separados por tamanhos e motivos. Gosto de te ler, é como se eu mergulhasse em alguma crônica cômica do Mario Prata ou um texto deleitável de Clarice Lispector

Estou de pernas pra cima, esperando o timer do forno "dizer" que o bolo está pronto e nesse meio tempo você dá cafungadas do lado esquerdo do meu pescoço. O bolo queimou e nem percebemos e já estamos na cama e você mais uma vez jogou o lençol no chão. O lençol branquinho que acabei de lavar.

Os astros, os Deuses, as Santas, os Búzios e todas as crenças estavam certas, não daríamos certo. Mas quem é que liga para essa regras? Já quebramos tantos tabus - dou gargalhada toda vez que escrevo essa palavra - que uma regra ali e outra ali não faz mal a ninguém. Eu não falo eu te amo, seria um pecado ficar contando aos sete ventos isso.

Não enche o saco. Não sei fazer declarações e muito menos escrever sobre alguém. Mas que quando você agarra minha cintura a prosa e a poesia andam juntas, isso é sem dúvida. Não quero declarações, nem presentes. Não quero a floricultura inteira na minha casa. Só quero alguém que volte pra conversar depois de um briga-conversa.

Ainda dizem que nosso amor - pode usar esse termo - terminou de forma toda desconjuntada, ainda ouço, depois de tanto tempo, depois de um ano-novo e esse que vem agora, que daríamos belos amantes da novela das oito. Você queria me descobrir e eu queria te ler, mas depois de tantas paginas manchadas, de tantas ciumeiras - o querer ciúmes, o que eu não sei fazer - abandonamos nós dois juntos de mãos dadas o navio, caímos no bote salva vidas, mas queríamos o mar. Cada um queria nadar pra um lado diferente, pra mim é longe, pra você logo ali, mas o que é nadar daqui até lá longe pra quem já leu você?

Carência, não, foi só vontade de escrever. É moleza escrever sobre um livro (você) que você leu. O difícil mesmo é tentar escrever um livro que você quer muito ler. E você até tenta, mas a vontade de ler esse livro é tanta que você esquece o que é escrever.

E eu deveria pedir esse livro pela internet, mas o frete - como dizia um grande poeta cômico - "era caro pr'porra"

4 comentários:

  1. Sobre quem mais do que tudo nos interessa, tudo nos interessa.
    GK

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  2. Gostei demais desse texto mas estou meio sem criatividade para escrever um elogio grandioso. =D

    Beijão

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    1. Não precisa de elogios! Você já é em si, já é o elogio! HAHAHAHA Afinal, tem que ter um saco para ficar lendo meus contos e histórias!

      Beijos.

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